Este artigo é a primeira parte de uma série especial sobre válvulas de segurança e/ou alívio, em que Artur Cardozo Mathias, especialista no assunto, explica mais sobre algumas características dessa categoria de válvulas.
E hoje, o papo é sobre armazenamento, transporte e instalação de válvulas de segurança e/ou alívio, confira só. Nos próximos artigos, falaremos sobre os detalhes de projeto da tubulação de entrada e também sobre projeto e instalação da tubulação de descarga dessas válvulas. Confere só.
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Tanto a operação incorreta de uma válvula de segurança e/ou alívio (mesmo quando ela é bem projetada, especificada e dimensionada), como os problemas operacionais encontrados durante seu ciclo operacional (abertura, sobrepressão e fechamento) estão diretamente relacionados com o armazenamento, transporte e manuseio menos cuidadoso durante a instalação.
Além dos fatores citados acima, uma instalação incorretamente projetada, tanto da tubulação de entrada quanto da tubulação de descarga também contribuem para isso.
Afinal, de nada adiantaria um armazenamento, transporte e manuseio mais cuidadoso, se a instalação não foi corretamente projetada. Da mesma forma, não adianta ter uma instalação corretamente projetada, se não foram tomados os devidos cuidados durante o armazenamento, transporte e manuseio durante a instalação.
As válvulas de segurança e/ou alívio devem sempre ser armazenadas na posição vertical e em local seguro e livre de pó e umidade quando estiverem aguardando a instalação, e, se possível, dentro de sua embalagem original.
A entrada de materiais estranhos dentro do bocal da válvula (ou entre os componentes de guia), pode comprometer a vedação e a operação da válvula. Este mesmo cuidado também deve ser tomado em relação ao bocal de saída do vaso ou caldeira para a entrada da válvula, pois neste bocal normalmente não há fluxo enquanto a válvula estiver fechada.
As válvulas de segurança e/ou alívio do tipo balanceada com fole devem sempre operar com o castelo exposto à pressão atmosférica através do furo de alívio existente no castelo, portanto, este furo de alívio também deve ser protegido até o momento da instalação, e essa proteção deverá ser retirada a partir do momento em que a válvula for colocada em operação.
O armazenamento de válvulas com sedes resilientes deve ser em ambientes com temperaturas entre – 10°C e 40°C. Já quando a válvula possui sedes metálicas, a temperatura ambiente deve estar entre 5°C e 40°C.
Toda válvula de segurança e/ou alívio deve ser transportada para o local da instalação, de preferência, momentos antes. E os protetores dos flanges retirados somente na hora de montar a válvula no equipamento a ser protegido.
Se houver alguma dúvida em relação ao cuidado dispensado durante o armazenamento, manuseio ou transporte da válvula, (ou mesmo para as válvulas que foram cuidadosamente armazenadas por vários meses), é recomendado um teste na bancada para aferição da pressão de ajuste e vedação da válvula antes de transportá-la até o local de instalação.
Tanto no transporte da válvula de segurança e/ou alívio da oficina para a instalação ou no transporte da instalação para a oficina (nesse último sempre que ela tiver que ser submetida ao “teste de recepção”), os cuidados no seu manuseio durante sua desmontagem do equipamento protegido – e durante o transporte até a bancada de testes na oficina – também deverá ser cuidadoso e sempre na posição vertical.
Desalinhamento dos componentes internos
Essa pode ser considerada a principal consequência de um armazenamento e transporte menos cuidadoso de uma válvula de segurança e/ou alívio, principalmente quando transportada na posição horizontal.
As consequências do desalinhamento dos componentes internos são:
- Vazamentos pelas superfícies de vedação na pressão de operação;
- Operação inconsistente;
- Alterações no valor da pressão de abertura;
- Maior valor do diferencial de alívio (pressão de fechamento mais afastada da pressão de ajuste e muito próxima e às vezes até colidindo com a pressão de operação).
Por isso, é importante lembrar: o alinhamento correto dos componentes internos permite manter a vedação, além da repetibilidade da pressão de abertura da válvula por um longo período.
Deste modo, esse desalinhamento dos componentes móveis atinge diretamente três diferentes requisitos do código ASME Seção VIII e que podem ser vistos em UG 136 (d) (5) sobre integridade das superfícies de vedação; UG 136 (a) (1) sobre operação consistente e UG 134 (d) (1) sobre a pressão de ajuste da válvula.
Portanto, toda válvula de segurança e/ou alívio deve ser tratada como um instrumento de precisão, pois ela é a última linha de proteção de vidas e propriedades dentro de um processo industrial. Essa proteção depende de uma correta instalação para garantir um perfeito ciclo operacional.
Te vejo no próximo artigo em que falaremos mais sobe as válvulas de segurança e/ou alívio, especificamente sobre detalhes de projeto da tubulação de entrada, até lá.